domingo, 5 de agosto de 2012

Discussão sobre o pacifismo

     O pacifismo como opção filosófica parece-me ter surgido com a ascensão do budismo no Oriente, e devo dizer que mesmo que outros digam o contrário, nenhuma forma de pacifismo  consciente parecia ter existindo no passado.

       O pacifismo prega que a guerra é o meio mais nefasto de se resolver as coisas, que as mortes, nada menos são do que a negação do papel do homem como ser superior aos demais, se sujeitando ao papel assassino aos demais animais.

        A guerra e o assassinato só trazem mais dor e destruição num mundo com o qual estamos acostumados a lutar contra dia após dia. Aqueles que são religiosos, pensam rapidamente no distante fantasma de Caim e Abel, na qual o caçador mata o pastor preferido de Deus.

        Essa crônica religiosa nos revela muitas coisa acerca do impacto que o assassinato iria trazer em nossa sociedade, afinal, 1/4 de pessoas no mundo foi dizimado nessa briga de irmãos, mas não devemos também nos iludir, afinal de contas, ninguém é favorito de Deus, porque Deus não está aqui para ajudar ninguém;

        A guerra é isso, é um morticínio de irmãos, de amigos, que em outras situações estariam brindando alegremente a temperança dos outros dias. Não há porque irmãos se matarem por coisas menores do que aquelas das quais acreditam, não devem ser mandados a ser por em armas apenas pelos mandatos de senhores desconhecidos.


        Não deve-se lutar por um senhor que nem se digna em conversar com suas tropas, e muito menos, lutar com elas.

         "A violência é a parteira da História", Marx bem previra, embora ele próprio incitasse o proletariado a se levantar em armas contra os seus próprios patrões, entretanto os motivos de Marx, não são só apenas do revanchismo saboreado de sangue, mas de por fim a uma dominação que ele qualifica como danosa à classe trabalhadora, o proletariado.

         Enfim, eu poderia discutir sobre as implicações da luta de classes e suas origens filosóficas desde o Iluminismo e suas implicações sobre Hegel e sobre Marx, mas eu acho que me fiz por entender.

         Certa vez eu li um artigo que dizia que a tortura era um meio inatural de um homem, pois apenas os homens oprimidos se dignavam a torturar seus irmãos, de certa foma isso não foge muito da realidade, mas afirmo que os homens que se moldaram para a guerra, se moldaram a partir da violência.

         Então, o que o pacifismo é? Uma ideologia fadada ao fracasso, igual a social-democracia? Não, óbvio que não, ela é mais que isso, ela é uma tentativa de romper o círculo vicioso, de que violência só gera violência, pois afinal de contas ela quer destruir por inteiro a violência.

         Como o pacifismo prega o fim da violência? A partir da negociação, afinal de contas, o pacifismo não se impõe aos outros, pois para se impor como ideologia, teria com certeza recorrer à violência, e a violência é justamente contra o que ele está lutando.

        É bem verdade que o pacifismo luta para o respeito de outras crenças, mas se vê horrorizado com as matrizes violentas do homem, e se mantendo pacifico à violência do homem, acaba se enfraquecendo como um todo, tal como a Índia com o Gandhi (que se desmembrou em três países em virtude disso) e que deixou de ser pacifista no momento que fomentou suas rixas com os paquistaneses.


         Gandhi com certeza é primeiro nome que vem à cabeça quando pensamos em pacifismo, essa figura nanica, esquelética, franzina, calva, cheia de rugas de pincenê e túnica branca, que parecia mais um Et, de tão feia, mas mesmo recorrendo ao pacifismo ativo, Gandhi tinha lá seus defeitos, era racista e se mostrou omisso numa época em que a omissão era perigosa, ante ao nazismo.

          O  segundo nome que alguns irão pensar, sobretudo, os religiosos, é Cristo, mas foram feitas tantas guerras em seu nome que o seu pacifismo foi suplantado pela violência do Homem, e ele foi "obrigado" a morrer na cruz pelos "pecados do Mundo" (eu sou ateu, então entendam minhas aspas).

          O terceiro nome, com certeza é o de Martin Luther King, esse sim é um nome que eu apoio como um grande defensor do pacifismo e da integração mundial da etnias, entretanto, ele teve tão pouco tempo de solucionar alguma coisa, que alguns simplesmente esqueceram a sua mensagem para continuarem a matar uns aos outros.

          Então, co robic?

          Dizem os antigos que se queres a paz, prepara-te para a guerra, e não estão inteiramente errados. Se queres paz, não apenas diga que gosta da palavra paz, por ser mais bonita que o germanismo coloquial de "Guerra", que a paz tem que ser global, igual o significado russo da palavra Mir (Mир), que ao mesmo tempo designa "Paz" e "Mundo", deves agir para que ela pareça mais bonita que a guerra e ser mais global que os ventos do Mundo.

           Rejeite a violência das armas, feche seus corações para as guerras impostas, rejeite completamente se levantar em armas contra os seus irmão, a não ser que sua vida esteja por um tris, a violência e a morte são a reafirmação do nosso passado assassino e nefasto, que tentamos encobrir nas páginas da História.

          Siga em passeadas, observe o mundo, aja no mundo, pense na paz que dará aos seus filhos, pense na glória que dará aos seus netos, ao profetizar que a paz traz mais benefícios que a morte. Esse é o pensamento embrionário do pacifismo.

          Convido-os à memória da paz.

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