Faz anos que eu não vejo
O silêncio como companheiro
Mas como hostil passageiro
Que me acompanha nas horas de dor
Como um gato que foge da chuva
Eu tento me proteger da tempestade
E vejo com tristeza o passar da vida
As pessoas partirem e só ter saudade
Em tempos tão difíceis, respiro devagar
Ergo meus olhos mais um dia e ando
Nesse grande deserto que se tornou a vida
Um grande marasmo que agride os olhos
Sozinho e trancado no quarto
Preso voluntariamente
Afastado do mundo, olho o horizonte
Sem expectativas, cheio de experiência
A dor de perder uma criança me corrói
Tão forte quanto soda caústica
Meus lábios ficam inertes, meus olhos se fecham
Tudo que quero é ficar mais um dia na cama.
Só mais um dia, mas a ansiedade não deixa
O vazio me incomoda, o desespero me toma
Só assim eu saio, mas nada faço, só vegeto
Em 24 anos, eu nunca esperei dizer isso
Mas eu sou apenas outro parasita inútil.
A solidão me carrega um peso assombroso
O fracasso me acompanha todos os dias
E sem entusiasmo eu sigo a vida
À busca de um oásis no meio do deserto.
Esse é o início do grande hiato
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
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