Queria ter tido mais esperanças que fosse dar certo, queria ter me contido quando pude, e não ter me entregado de corpo e alma aos seus braços. Queria ter beijado ainda seus lábios, se soubesse que os perderia numa prosa de minuto. Queria ter te desejado menos do que te desejo nesse segundo.
Estou sozinho e amargurado, e toda vez que olho sua foto, bate mais calado o meu coração. Estou tão abatido e sem felicidade, que nem fome mais tenho, nem mais desejo quero ter, nem batuque perdido quero ouvir. O vento que suja meu rosto de pó, esfarela meus lábios secos e deixa negro meu coração. Petrificado, puxo de lado um tabaco e penso em voltar a fumar. Mas não, a fumaça não me irá fazer esquecer do que sinto no momento,
Não tenho esperanças nesse recomeço, nem quero que saiba que te amo, pois odeio a mim mesmo por ter começado a te amar. Estou sozinho novamente no mundo e isso me entristece, principalmente porque poderíamos ser felizes diante os desafios do mundo. A síndrome de patinho feio que hoje me corrompe, faz com que eu chute a lata de alumínio na calçada e xingue os transeuntes na calada da madrugada. O terno nas minhas costas todo amarrotado, e a barba por fazer.
Eu te amava, moça. Mas a felicidade é um bem que não se compra, e se comprasse não seria um luxo que gostaria ter, você me mostrou o relâmpago de endorfina quando dormia ao seu lado, no frio da noite, e quando roncava. Sim, você roncava. Inquietude, me sinto tão inquieto por nunca mais poder te ver, que dói escrever o que eu escrevo. Acredito que você nunca acreditou no que disse, e se acreditou, ficou com medo... Poderia ter desejado me jogar desse abismo, onde nunca mais haveria de ser encontrado, mas ainda assim amargurado, desejo me encontrar longe de ti. Eu que amo e me despeço , hoje deprimido, me encontro longe, olhando para esse lago sujo de tanto clamor.
Meu terno hoje puído, meu rosto sem rosto, meu amor sem coração. Você me disse para encontrar alguém, mas como encontrar alguém se estou tão perdido quanto você? E que recomeço mais torpe do que acrescentar que hoje vou emagrecendo e perdendo o fôlego com o passar dos dias. O desânimo que me consome, hoje me liquida nessa tarde, e sem qualquer afeto, respiro amargurado o ar quente da janela do meu quarto.
Cacoetes à parte, acabou meu sigilo. Desejo manter sustenido o que sinto o que sinto. Pois nesse agito, vejo o que vejo como gole grogue de absinto.
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