Em 2016, o impeachment de Dilma Rousseff era dado como certo em todos os veículos de imprensa do Brasil. A despeito de 52% do eleitorado brasileiro ter optado em votar pela continuidade do governo da presidente Rousseff, o Congresso julgou a presidente por ter cometido crimes de responsabilidade fiscal numa artimanha engendrada pelo PMDB do Rio de Janeiro, tendo como cabeça, Eduardo Cunha. Pois é, na mesma época Romero Jucá, líder da bancada do PMDB disse em uma gravação as palavras que ficaram célebres no golpe jurídico-parlamentar de 2016:
Jucá - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. (...) Tem que ser política, advogado não encontra (inaudível). Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
Machado - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel (Temer).
Jucá - Só o Renan (Calheiros) que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá - Com o Supremo, com tudo.
Machado - Com tudo, aí parava tudo.
Jucá - É. Delimitava onde está, pronto.
Pois é, ainda tem quem duvide que houve um golpe para colocar Michel Temer no poder, afinal de contas ele era apenas o vice da Dilma, ele foi eleito pelos 52%, etc, etc. Só que ninguém comenta que Michel Temer cometeu pedaladas fiscais esse ano, que ele tentou colocar uma Reforma da Previdência dizendo que o Brasil iria quebrar e fez uma renúncia fiscal de 40 bilhões de reais, conforme as fontes mais conservadoras: http://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/temer-abriu-mao-em-2017-de-r-40-bi-com-perdao-de-dividas-e-isencoes-fiscais-ccsoktsk4nczy4jr1oj5ytsd2
Sem falar no aumento absurdo concedido a deputados em emendas parlamentares para arquivarem os dois processos contra o "presidente"/ditador Michel Temer. Nisso, temos uma imprensa organizada no Eixo Rio-São Paulo, representada pela Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo que constantemente mostra números e estatítiscas fabricadas pelo IPEA e o IBGE sobre a suposta recuperação da economia brasileira. O que é uma franca mentira, o Brasil teve uma queda de 3% no PIB de 2016, e em 2018 continua com uma queda acumulada de 2,3% em relação a 2016, o que um "economista" mentiroso chamou de crescimento de 4% tendo em vista que o crescimento de 2017 foi 1% superior ao negativo de 2016. Então, existe mal-caratismo de todas as partes.
Antes que incorra em um galopante petismo, Lula realmente não inocente, mas a acusação feita sobre o Triplex não tem bases legais convincentes para eventual prisão, assim como o julgamento do impeachment, de fato, hoje é mais claro ver o esforço hercúleo de José Antônio Cardoso em tentar utilizar o judiciário como meio de impedir o afastamento da presidente, só que ele era refém da camarilha institucionalizada representada sim pelo ministro Gilmar Mendes e com aval da atual presidente do STF, Carmen Lúcia.
Em ano de eleição, nós veremos a mesma repetição de sempre: Candidatos querendo se mostrar como inocentes, defensores da família e do crescimento da economia falando que merecem o voto do cidadão comum; Sendo bem franco, não é preciso falar que as delações da Odebrecht e da JBS pegaram todos os partidos políticos e políticos profissionais conhecidos, certo? O poder no Brasil é hereditário e patrimonialista, passa inclusive de pai para filho, não a toa que temos tantos Bolsonaros na política e tantos caudilhos crescendo como cachos nos rincões do Brasil.
A intervenção do Rio de Janeiro com as tropas do Primeiro Comando do Leste é uma mostra de como a democracia está na UTI, agora os militares têm o direito de governar e exercer o policiamento, o cadastro, prisões compulsórias e burlar os mandatos de segurança em nome da governabilidade, isso é uma farsa. O governo do Rio de Janeiro deveria ser retirado do Palácio das Laranjeiras depois que ficou mais do que provado que o PMDB carioca foi responsável por enormes desvios, pelo clima de insegurança pública e pela pauperização da economia carioca depois da venda dos campos de petroleo ao capital estrangeiro: Digo nomeadamente Chevron/ESSO.
Agora em 2018 teremos o Lula provavelmente na cadeia, o PT desaparecerá como partido e a eleição estará nas mãos de Ciro Gomes e talvez Bolsonaro. Bolsonaro tem uma legião de seguidores, irá continuar a defender o seu jingoísmo e militar contra os direitos das minorias, como gays, lésbicas, índios, além de quilombolas e defensores dos direitos humanos. A idolatria de Bolsonaro com figuras da Ditadura Militar como Ustra e a defesa apaixonada de seus eleitores, sobretudo jovens, mostra o quanto que nós historiadores falhamos em mostrar a memória de um país perverso, autoritário que chancelava a tortura e a insegurança juridica.
Mas Bolsonaro não irá ganhar as eleições. Digo isso porque essa eleição não será feita. Michel Temer não utilizou o caso do Rio à toa. É nítida a tentativa do PMDB em tornar o Rio como laboratório para a governabilidade de suas plataformas neoliberais, afinal, o caos da saúde pública e da previdência carioca foi um projeto gestado há muito tempo, e as medidas de austeridade levadas por Levy antes de se tornar Ministro da Fazenda foram justamente o que agravaram a situação. O PMDB é a maior ameaça ao Brasil contemporâneo.
Michel Temer se articula para criar esse novo pacto nacional, em que os empresários e os setores conservadores da sociedade, juntamente com os segmentos militares, os juízes e o alto escalão das oligarquias políticas irão limitar a voz do povo que continuamente é explorado em impostos abusivos e em retirada de direitos trabalhistas e direitos de aposentadoria. O governo retirou toda a plataforma de ensino básica existente para as disciplinas das ciências humanas, que incitam a reflexão e a crítica através da análise histórica e filosófica, nesse interim, eles alimentam uma propaganda falsa que incita o medo dentre a própria classe média.
Agora é inevitável também que nesse ano, o Michel Temer, um governante que não foi eleito, completamente impopular, tente usar dos mecanismos da máquina pública, a imprensa e o ódio disseminado nas redes sociais para implantar um mandato de segurança até o final desse ano.
Estamos a beira de um Estado Novo e Michel Temer está próximo a Antônio Salazar nesse processo. Uma modalidade elitista de autoritarismo, cristão, conservador e agrário. O Brasil está condenado para sempre a viver o lado mais perverso de sua história. Sem esperanças para o futuro, eu recomendo veementemente a imigração.
Eu, outrora, falaria para a juventude lutar e reivindicar os seus direitos, mas diante da inércia de nosso povo quanto às arbitrariedades cometidas pelo nosso próprio governo, assim como nossas instituições, além das violações dos direitos humanos, eu insisto, brasileiros, abandonem o Brasil. O Brasil foi usurpado pelas forças do capital internacional e os próximos anos serão horríveis principalmente para os mais pobres, a vanguarda progressista, bem como os movimentos sociais serão perseguidos, presos e silenciados. Estamos prestes a uma ditadura. E caso duvidem, observem os próximos três meses quando ficará mais evidente que a manobra do governo no Rio de Janeiro é justamente para fazer holofotes para a segurança pública.
Estamos condenados a sempre viver na expectativa do futuro, mas sermos tragados ao passado. Abandonem o barco, o navio está naufragando e não há mais remédio. Esse não é um fim romântico como o do Titanic, é o afogamento sistemático de um país inteiro. O Brasil sempre será refém da elite do atraso e do colarinho branco que remonta aos tempos da escravidão.