segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Que futuro?

A bandeira vermelha tremula a meio mastro
Tenha certeza que o sangue jorrou
Jorrou nessa terra fria e ácida
Não tenha medo, camarada
Só é um enterro, um funeral
Funeral de heróis de um futuro esquecido

Os nossos camaradas que sorriam
Brindavam e corriam sob os silvanos
Hoje caíram sob o cadafalso da tirania
Sem direito de resposta
Caíram ensanguentados
Até fenecer sobre a morte

O estudo em vermelho
A câmera em preto e branco registra
A desolação de uma mãe
que não pode enterrar seu filho
Ele era meu camarada;

Meu amigo de infância
Meu colega de juventude
Que corria dos cachorros
Mas não fugiu das balas

O frio tece-me a lembrança
De como o chumbo é sacana
Pois queima-o por um instante
Mas o deixa gelado de agonia

Meus camaradas morreram
Nessa praça onde você anda
Eles feneceram em silêncio
E se dobraram ao tempo
Mas eu, eu não esqueço

Não esqueço de quando era jovem
De quando era idealista
E um único sonho
era ser marxista

Vi o tempo passar,
vi uma guerra se formar
Lutei e vivi
Vi meus filhos crescerem
Casei e morri

Hoje tudo que me resta
É descrever o que minha juventude disse
E eu não ousei ouvir
Que meus sonhos são hoje
O passado de alguém distante

Que futuro eu terei?
Que futuro você terá?
Nada é mais triste
Do que esquecer seu passado
E desdizer o futuro

Viva o presente, meu jovem
Viva o presente.
Tempo, a toda velocidade,tempo!
Não se esqueça de nós, minhas crianças
Assim como nunca esquecemos de vocês

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