domingo, 13 de julho de 2014

Relógio

O tempo passa
O ponteiro se move
Bem devagar
O relógio toca
É hora de acordar

Já são duas e meia
E a prosa magenta
Não vou acordar
Que noite violenta!

O ponteiro gira
A minha cabeça também
Já é tarde, tenho que trabalhar

O relógio é ciumento
Não aceita meu carinho com a cama
Que sem querer fui babar
Estou cansado e atrasado

O alarme toca
caio da cama
O cabelo está arrepiado
O edredom no chão
Rápido!
Você está atrasado!

Tomo um banho enquanto escovo os dentes
Penteio o cabelo enquanto me olho no espelho
Visto uma roupa e ouço o ponteiro marcar
Tic Tac! Tic Tac! Piui!
Tempo, tempo à frente!

Com tudo! A tudo!
Com toda a velocidade!
Sem café da manhã
Corre, corre

Tic tac, tic tac
Sou escravo do tempo
Rápido, você perdeu o trem
Com os meus olhos queimarei montanhas
abrirei vales e arrebatarei corações

Relógio á frente,
 mais um dia de trabalho
Sou poeta-proletário
Sou um Maiakovsky
sem um k
e sem tempo

Cortarei pedras com a mão
Quebrarei vidros com o pé
Carregarei o mundo nas costas
Mas chegarei a tempo dessa vez

Tempo, à toda velocidade
Sou seu escravo
Que horas? Mas já?
São duas e meia
E ainda estou atrasado

Corre, corre
Mais rápido
Maiakovsky
Começo a suar
Meu rosto fica pálido
Esqueci de almoçar
O cabelo voa
O tempo mais ainda

Quebrarei pedras e vidros
Mas não empenarei a pena
Que tanto me faz escrever
Estou atrasado, o dia frustrado
Tempo, tempo à frente
Pulsante, rápido

O esbaforido, o cansaço
Ou mesmo gemido
Não tenho tempo,
tempo temido

O ponteiro continua
desdenha de mim
Cada vez mais irônico
Lacônico relógio
E no fim
sou apaixonado por você, tempo


relógio

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