sábado, 12 de julho de 2014

O medo da ausência

       Fico me perguntando cada vez mais com o passar do tempo qual é o papel imediato do Estado na sociedade contemporânea; observando as sociedades dinâmicas atuais do mundo anglo-saxão e bem do Norte da Europa observamos que a sociedade civil se movimenta cada vez mais rápido apesar do Estado, e cada vez mais rápido se movimenta menos o Estado pode intervir na vida comum do cidadão; A tendência ao respeito das liberdades individuais, bem como da livre iniciativa e do próprio movimento por si mesmo dos cidadãos para o seu próprio desenvolvimento é mais claro evidente.

       O Estado nesse  caso tem um papel secundário quando está frente ao que é a sociedade civil, ao contrário do que ele tenta parecer e age, cada vez mais contra as liberdades individuais ele atua, e atua de maneira surda e velada frente aos interesses do bem comum; Utiliza-se de uma máquina de imprensa que nem sempre move ao seu próprio favor.

       Mas as sociedades que não estão na vanguarda do desenvolvimento político humano se pautam cada vez mais pela a inseguridade social,  uma incerteza e uma franca falta de iniciativa que molda de certa forma uma dependência de um estado completamente inchado e muitas vezes ineficiente; Há um medo completo à liberdade, pois a organização social não surgiu antes do Estado e tampouco de uma tradição social pré-existente. Foi implantada à força por um Estado, uma imposição da superestrutura para criar uma infraestrutura social artificial; Isso é visível nas sociedades da Europa do Sul e do Leste, bem como a América Latina, onde a sociedade não consegue se mover independentemente do Estado.

       Nesses locais a presença do Estado é cotidiana e os atores existentes na sociedade civil desejam ou possuir uma parcela do poder ou um aumento e ampliamento das obrigações do Estado para consigo; é perigoso no seguinte sentido que essa lacuna que o governo preenche na sociedade civil o deixa vulnerável aos moldes de uma oligarquia ou mesmo ao assalto de um golpe de Estado, levando à ditadura.

        Queria poder dizer que caminhamos numa luta contra isso, mas não, procuramos incentivos em tudo do grande Leviatã, do colosso monumental e parasitário que age com violência para manter a ordem social. Queremos bolsas de pesquisa, aposentadorias, pensões, ou mesmo regulamentações sobre o esporte, as regras de convívio social e muitas outras coisas; E é ainda mais complicado porque inexiste nessa estrutura política a fiel dedicação política dos cidadãos à política local em prol de uma formação de uma política marco, a política nacional; Como se o cotidiano não fosse importante o suficiente e que as leis maiores de domínio federal teriam maior ação do que as nacionais. O pacto federativo é uma infeliz piada, os prefeitos dependem de recursos do poder central que por sua vez depende de alianças políticas para se manter; nisso nasce redes de apadrinhamento nascem e crescem, dilacerando a democracia, se é que essa maravilha realmente existiu fora do mundo anglo-saxão.

        Nessas sociedades o Estado não está fadado a seu inevitável desaparecimento tão cedo, de modo, que acredito que o seu papel primário continuará enquanto a sociedade se pautar pelo seu tecido canceroso do estatismo. O inchaço do estado leva a uma submissão surda não só da elite de mentalidade ainda mercantil, que se escora nesse aparato para manter-se dominadora, e de uma população que precisa do Estado para não ser massacrada pela ganância dessa classe social;

       A sociedade não pode viver sem o Estado nesses casos, e o medo da ausência é o medo total de um regulador da própria anarquia que é viver num mundo implantado a pessoas sem segurança pessoal e psicológica garantidas. Por isso que a regulamentação da internet, do futebol e de outros campos sociais é bem vinda, não como ataque à democracia, mas por incrível que pareça, uma "consolidação da base democrática".

        O medo da ausência é que alimenta o Leviatã, que o faz crescer e se expandir, até que ele esteja inevitavelmente obeso demais para se mover e se torne ineficiente e deficitário., a partir disso ele começa a consumir demais e a sociedade latino-americana, historicamente inflacionária passa a ser mais inflacionária ainda quando tem o parasitismo da sociedade no parasita maior que é o Estado.

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