domingo, 20 de maio de 2012

Parada da Vitória


      Ao anoitecer do dia 8 de maio de 1945, em Karlshorstla, na periferia recém destruída cidade de  Berlim, na Escola de Engenharia Militar da Wehrmacht, o Alto Comando Alemão se reuniu para  formalizar a sua rendição formal às tropas aliadas, pondo fim a Segunda Guerra Mundial.

          Nessa cerimônia, houve episódios curiosos. Em primeiro lugar, começou mais tarde do que o previsto, devido ao atraso dos três principais chefes do Exército alemão que deveriam assinar o documento: o marechal Wilhelm Keitel (Exército), o general Hans-Juergen Strumpff (Aeronáutica) e o almirante Hans Georg von Friedeburg (Marinha), ao que pareceu, o atraso foi proposital. Além disso, o texto da ata enviado de Moscou chegou com um erro linguístico.


  
          O general Keitel com certeza pode ser chamado do líder militar provisiório da Alemanha após a morte de Hitler, e sendo Keitel um nazista fanático, daqueles que lutaram a Primeira Guerra e tinha a noção que haviam sido traídos, aquele evento para ele foi uma humilhação.

  
       Na verdade era pra ser mesmo, afinal de contas, após anos a fio de carnificina, os vitoriosos se deixaram ao luxo de haver um pouco a se jactar sobre o inimigo... E assim se seguiu nas três cerimônias para a rendição das tropas alemãs, mas a última é sem dúvida mais importante.

         Ela é interessante de um ponto de vista curioso, afinal de contas, ao entrar na sala e ver o general francês Jean de Lattre de Tassigny, o marechal alemão Keitel teria comentado "não, você não!", ou, segundo outra versão: "os franceses também estão aqui? Só faltava isso".




        A humilhação que os alemães haviam feito aos franceses na Guerra Franco-Prussiana e na Rendição de 1940 agora estava paga.


           Em todo caso , a cerimônia de Berlim, exigida por Stalin deveria ser presidida por ninguém menos que o próprio marechal Georgy Zhukov, conquistador de Berlim (outra cerimônia havia sido feita com um general soviético de segunda importância, mas isso só irritara a Stálin), começou em 8 de maio quase à meia-noite (ou seja, já era dia 9 de maio, em Moscou, devido à diferença de fuso), e terminou, com o atraso de Keitel, e no dia 9 de maio à 00h45 (coincidentemente dia do meu aniversário).

          Nessa cerimônia definitiva de capitulação da Alemanha nazista, marcou o fim de toda a decadência que o hitlerismo trouxe para si logo após a sua ambição durante a sua ascensão... Mas mais que isso, essa cerimônia retirou por fim um encargo de uma das mais sangrentas guerras do Mundo.



             No dia seguinte, as patrulhas dos Departamento Político do Exército Vermelho, levandas em seus caminhos e veículos blindados leves, espalhavam a notícia aos soldados do Exército Vermelho a pleno tintilar dos autofalantes que a Alemanha havia se rendido.


           Nas ruas totalmente destruídas, os soldados começaram a se juntar, meio sonolentos, para poderem pegar os panfletos expelidos pelos veículos do departamento político para por fim terem maior compreensão. Após lerem, exultaram-se de maravilha, e começaram a se abraçar, dançar, e comemorar.


           A guerra havia acabado. A Alemanha caiu.


           Começa a tocar ao mais surdo volume o novo Hino da União Soviética, sob a chuva de risos, abraços e comemorações...





         No mesmo dia, logo na tarde a multidão de vitoriosos enfim se reunião ao longo do Brandemburgo, para comemorar a mais recente vitória enquanto os últimos soldados restantes da Alemanha, se entregavam e depunham suas armas.





           Em meio essa vitória decidiu-se em Moscou uma nova Parada a ser realizada em junho, em Moscou para determinar em si a comemoração da vitória soviética sobre as tropas alemãs.


          Eis que surge a parada da Vitória...






          Sob a banda militar tocando Slavsia, de Glinka, os mais diversos soldados dos mais diferentes fronts envolvidos comemoravam rigorosamente com essa forma de triunfo e afirmação da vitória soviética.







         Sob essa vitória harmoniosa, a Parada da Vitória nada mais é que o grito de alívio e alegre daqueles que se envolveram há tanto tempo com os enormes sacríficios em prol de uma causa justa, a sobrevivência ante ao Terror.






                                                                Слава Победе!









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...